segunda-feira, 4 de maio de 2015

.O Farol.

O farol permanece sozinho, imponente, sólido e solitário. Ergue-se perante o mar, a sinalizar para aqueles que buscam a luz na escuridão desolante. Escuridão esta que é composta de corpos desnudos a deliciassem uns aos outros, sem consciência dos mesmos, achando que são únicos. Corpos quentes que se liquefazem em ondas que se chocam no farol, que por sua vez as ignora e continua a iluminar sozinho, como se buscasse algo na imensa escuridão. Onda após onda suas sólidas paredes começam a rachar lentamente, como se depois de tanto tempo sozinho no escuro ele desejasse um pouco de água do mar, como um refresco em suas entranhas. Mas continua erguido, sonhando, esperando, iluminando, procurando, como se um dia fosse ver outra luz, vinda do horizonte, também a lhe procurar, mas nunca a vê. O tempo vai passando, o mar se chocando, o vento uivando os gemidos e lamúrias vindos da escuridão e o farol resistindo, só que lentamente ruindo, rachando, perdendo a vontade de ficar de pé, pois ele sabe que sua luz é temida porque faz com que as ondas se enxerguem e vejam os próprios medos, que foram criados e escondidos no escuro. Medos estes que o farol também cultiva, mesmo segurando a luz. E assim o farol permanece sozinho, já não tão imponente, nem tão solido, ainda solitário.